As mulheres trabalhadoras, engajadas na política e na militância sindical, decidiram que agora é o momento de avançar sobre uma nova frente de luta. Trata-se de um novo conceito de participação que determinará a igualdade, ou seja, a PARIDADE na representação das mulheres no parlamento, assembléias legislativas e câmaras de vereadoras, na central sindical, sindicatos, federações e confederações.

Se na vida vivemos em pares, a natureza garante a nossa existência a partir do feminino e masculino, ou seja, a paridade. Somos pares ou na sua maioria vivemos em pares. A sociedade tem uma forma de formação que é composta paritariamente, na grande maioria, formada por homens e mulheres.

“Para qualquer ser humano existir é preciso o feminino e o masculino, ou seja, a paridade”. As famílias têm uma forma de organização que é composta paritariamente, na grande maioria, por mulheres e homens. Quando chegamos ao mundo do trabalho ou na política essa relação de paridade subverte-se completamente. As mulheres que são a maioria da humanidade, no mercado de trabalho essa relação não é mais de igualdade e sim de perversidade, uma vez que a mulher que tem a mesma função que o homem, não ganha o mesmo salário. Exemplo disso são profissionais técnicas de enfermagem, professoras, engenheiras, médicas, advogadas, entre outras, que estão ainda recebendo salários 30% menores. Se for uma mulher negra, a desvalorização é ainda maior. O que falar das mulheres que cuidam dos afazeres domésticos? A paridade na família se rompe quando a mulher fica responsável por cuidar de todos/as, filhos/as pai e mãe, e por aí afora...

O conceito de poder ou patriarcal desconsidera que a vida é feita por mulheres e homens e temos dois sexos no mundo do trabalho. No caso do mundo sindical, essa diferença aparece de forma gritante, uma vez que só participamos da composição de direção levada em sua maioria pela exigência do cumprimento da cota. Somos a maioria da sociedade brasileira e, no entanto, não estamos inseridas paritariamente no mundo do trabalho formal, porque as oportunidades não nos são ofertadas da mesma forma que são para aos homens e, portanto, não chegaremos nunca a paridade. Somos maioria nas categorias; no número de filiadas, e a direção dos sindicatos não reflete essa realidade. Será que precisamos romper com a forma de funcionamento das nossas organizações? Esse modelo de sindicatos, federações, confederações e a nossa central não conseguem responder a realidade do mundo do trabalho que temos hoje.

A paridade tem que ser daqui para frente uma estratégia de construção da igualdade permanente. Passa a ser de responsabilidade de toda a sociedade que cobrará ações de fortalecimento, no sentido de criar mais espaço para as mulheres na sociedade.

A CUT tem como base princípios de democracia e de igualdade e, portanto, quando reivindicamos a PARIDADE nos remetemos a estes princípios fundadores da nossa central. As mulheres ainda são oprimidas por sua classe e por seu sexo. Assim a ampliação para a paridade é um passo necessário para a construção de políticas que alterem essa correlação de forças no mundo do trabalho e na construção de políticas que alterem as condições gerais da participação política e sindical das mulheres.

“Não teremos uma democracia real enquanto tivermos apenas 8,7% de mulheres na política, precisamos discutir novas propostas da pauta feminina, como mesmas condições de trabalho; salário igual para trabalho igual; aposentadoria para donas de casas e questões como saúde pública, educação pública de boa qualidade, segurança pública que resguardem a vida das mulheres agredidas diariamente por seus maridos, companheiros e namorados, enfim, é a hora de votarmos a paridade também para modificar a organização sindical do nosso país”.

Paridade Já!!!!!!!!

Maria Margaret Belmiro Lima

Secretária da Mulher Trabalhadora da CUT/ES